PORTUGUÊS




Contexto Histórico do Renascimento



Renascimento (ou Renascença) foi um movimento cultural, e um período da história européia, considerado como um marco do final da Idade Média e do início da Idade Moderna. Começou no século XIV na Itália, e difundiu-se pela Europa no decorrer dos séculos XV e XVI. 
         Além de atingir a Filosofia, as Artes e as Ciências, o Renascimento fez parte de uma ampla gama de transformações culturais, sociais, econômicas, políticas e religiosas que caracterizam a transição do Feudalismo para o Capitalismo.  Nesse sentido, o Renascimento pode ser entendido como um elemento de ruptura, no plano cultural, com a estrutura medieval.
O Renascimento cultural manifestou-se, primeiro, nas cidades italianas, de onde se difundiu para todos os países da Europa Ocidental. Porém, o movimento apresentou maior expressão na Itália.
O Renascimento está associado ao HUMANISMO, o interesse crescente entre os acadêmicos europeus, pelos textos clássicos, em latim e em gregoeríodos anteriores ao triunfo do Cristianismo na cultura europeia.
No século XVI encontramos paralelamente ao interesse pela civilização clássica, um menosprezo pela Idade Média ssociada a expressões como “barbarismo”, “ignorância”, “escuridão”, “gótico”, “noite de mil anos”.
Costuma-se dividir o Renascimento em três grandes fases, correspondentes aos séculos XIV ao XVI.
Trecento (em referência ao século XIV) manifesta-se predominantemente na Itália, mais especificamente na cidade de Florença, pólo político, econômico e cultural da região.  Giotto, Dante Aliguieri, Bocaccio e Petrarca estão entre seus representantes.  Características gerais: rompimento com o imobilismo e a hierarquia da pintura medieval – valorização do individualismo e dos detalhes humanos.

Luís Vaz de Camões

Sabe-se que o maior poeta português, Luís Vaz de Camões, nasceu provavelmente em Lisboa (Portugal), por volta de 1524 e pertenceu a uma família da pequena nobreza, de origem galega.
Este poeta do classicismo português possui obras que o coloca a altura dos grandes poetas do mundo. Seu poema épico Os Lusíadas divide-se em dez cantos repartidos em oitavas. Esta epopeia tem como tema os feitos dos portugueses: suas guerras e navegações
Dono de um estilo de vida boêmio, este escritor lusitano foi frequentador da Corte, viajou para o Oriente, esteve preso, passou por um naufrágio, foi também processado e terminou em miséria. Seus últimos anos de vida foram na mais completa pobreza. 
A bagagem literária deixada pelo escritor é de inestimável valor literário. Ele escreveu poesias líricas e épicas, peças teatrais, sonetos que em sua maior parte são verdadeiras obras de arte
Criador da linguagem clássica portuguesa,  teve seu reconhecimento e prestígio cada vez mais elevados a partir do século XVI. Faleceu em Lisboa, Portugal, no ano de 1580. Seus livros vendem milhares de exemplares atualmente, sendo que foram traduzidos para diversos idiomas (espanhol, inglês, francês, italiano, alemão entre outros). Seus versos continuam vivos em diversos filmes, músicas e roteiros.
Obras de Camões
1572- Os Lusíadas

Lírica
1595 - Amor é fogo que arde sem se ver
1595 - Eu cantarei o amor tão docemente
1595 - Verdes são os campos
1595 - Que me quereis, perpétuas saudades?
1595 - Sobolos rios que vão
1595 - Transforma-se o amador na cousa amada
1595 - Sete anos de pastor Jacob servia
1595 - Alma minha gentil, que te partiste
1595 - Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
1595 - Quem diz que Amor é falso ou enganoso 
Teatro1587 - El-Rei Seleuco.
1587 - Auto de Filodemo.
1587 - Anfitriões 
Poesias Líricas de Camões
Verdes são os campos

Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.

Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.
De quantas graças tinha, a Natureza

De quantas graças tinha, a Natureza
Fez um belo e riquíssimo tesouro,
E com rubis e rosas, neve e ouro,
Formou sublime e angélica beleza.

Pôs na boca os rubis, e na pureza
Do belo rosto as rosas, por quem mouro;
No cabelo o valor do metal louro;
No peito a neve em que a alma tenho acesa.

Mas nos olhos mostrou quanto podia,
E fez deles um sol, onde se apura
A luz mais clara que a do claro dia.

Enfim, Senhora, em vossa compostura
Ela a apurar chegou quanto sabia
De ouro, rosas, rubis, neve e luz pura.

Características Principais: 


- Valorização da cultura greco-romana. Para os artistas da época renascentista, os gregos e romanos possuíam uma visão completa e humana da natureza, ao contrário dos homens medievais;

- As qualidades mais valorizadas no ser humano passaram a ser a inteligência, o conhecimento e o dom artístico;

- Enquanto na Idade Média a vida do homem devia estar centrada em Deus (teocentrismo), nos séculos XV e XVI o homem passa a ser o principal personagem (antropocentrismo);

- A razão e a natureza passam a ser valorizadas com grande intensidade. O homem renascentista, principalmente os cientistas, passam a utilizar métodos experimentais e de observação da natureza e universo.

Durante os séculos XIV e XV, as cidades italianas como, por exemplo, Gênova, Veneza e Florença, passaram a acumular grandes riquezas provenientes do comércio. Estes ricos comerciantes, conhecidos como mecenas,  começaram a investir nas artes, aumentando assim o desenvolvimento artístico e cultural. Por isso, a Itália é conhecida como o berço do Renascentismo.  Porém, este movimento cultural não se limitou à Península Itálica. Espalhou-se para outros países europeus como, por exemplo, Inglaterra, Espanha, Portugal, França, Polônia e Países Baixos. 
O ser humano começa a se vangloriar por sua razão, por sua capacidade de raciocínio, por seu cientificismo.
Logo, todas as formas de arte refletem esse ideário: a literatura, a filosofia, a escultura e a pintura.
Nessa última destacam-se: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael e Botticelli.

A nova realidade econômica, com a decadência do feudalismo e ascensão do capitalismo, por si só, exigiu uma reformulação na arte. Afinal, os burgueses começavam a frequentar universidades e as grandes navegações aceleravam ainda mais o processo cultural através do comércio.

Enquanto isso, os autores humanistas italianos se despontavam: Dante Alighieri, Francesco Petrarca e Giovanni Boccaccio.
Contudo, os autores tipicamente renascentistas são portugueses: Sá de Miranda, Antônio Ferreira e Luís de Camões.

A literatura tenta recuperar a Antiguidade Clássica através da retomada de seus modelos artísticos. Assim, a busca pela perfeição estética e a pureza das formas, trazem de volta os sonetos, a ode, a elegia, a écloga e a epopeia, inspirados em Homero, Platão e Virgílio.
Gênero Épico
A palavra épico vem do grego épos, narrativa, recitação. A poesia épica surge, no Ocidente, com Homero, poeta grego que viveu entre os séculos IX e VIII a.C. e escreveu dois poemas que constituíram os primeiros modelos épicos: a Ilíada e a Odisseia. Depois de Homero, a poesia épica, seguindo certas normas tradicionais que se baseavam na obra do poeta grego, foi cultivada até o Romantismo.
Em Roma, a epopeia mais conhecida foi a Eneida, de Virgílio. Na Idade Média, aparecem vários poemas narrativos, especialmente nos séculos XII, XIII e XIV, que se afastam dos padrões clássicos (Homero e Virgílio) pelos assuntos abordados e pela técnica narrativa. São inspirados, geralmente, em façanhas guerreiras da época da cavalaria andante. São mais conhecidos: a Canção de Rolando, o Romance de Alexandre, os romances da Távola Redonda, o Cantar de Mio Cid.
No Renascimento, com a revalorização da Antiguidade greco-romana e a consequente imitação de sua literatura, surgem novos poemas épicos cujo modelo são as grandes epopeias gregas e romanas. Datam desse período o Orlando Furioso, de Ariosto, Jerusalém Libertada, de Tasso, ambos na Itália; em Portugal, Camões escreve Os Lusíadas, o maior poema da língua.
Como na Antiguidade clássica, o gênero épico, no Renascimento, deveria obedecer a certas regras, a certas normas que o caracterizavam.
Divisão da Poesia épica
O poema épico deveria ser dividido em cinco partes, a saber:
a)      Proposição: em que o autor resumiria o assunto da obra.
b)      Invocação: na qual o autor pedia a uma divindade que o inspirasse em sua criação.
c)      Oferecimento: parte em que o autor dedicava seu poema a alguém. (Não era obrigatório.)
d)     Narrativa: o corpo do poema propriamente dito.
e)      Epílogo: fecho do poema. (Não obrigatório.)
A narrativa não deveria obedecer à ordem cronológica dos fatos. Ao contrário, deveria iniciar-se o mais próximo possível do fim do acontecimento que deu origem ao poema, retornando aos fatos anteriores através de narrações dos personagens, de sonhos e visões fantásticas.
A poesia épica deveria conter o chamado "maravilhoso", isto é, a intervenção direta de seres sobrenaturais, quase sempre deuses da mitologia greco-romana, na vida humana. Ao lado desse maravilhoso pagão, no cristianismo surge também o maravilhoso cristão, ou seja, a intervenção de personagens bíblicos (do Antigo ao Novo Testamento).

O gênero épico em verso apresenta três espécies: 

a)      Epopeia: obra épica de largo fôlego, envolvendo a história de um povo ou de uma nação, ou ainda passagens históricas de importância universal. Por exemplo, Os Lusíadas, de Camões.
b)      Poema Épico: trata, também de episódio histórico, mas menos importante e que não ultrapassa os limites do nacional ou mesmo do regional, embora o poema épico seja tão extenso quanto a epopeia. Exemplo: Caramuru, de Santa Rita Durão.
c)      Poemeto: mais curto que as duas espécies anteriores, trata de assunto de importância ainda menor que o do poema épico. Exemplo: Uraguai, de Basílio da Gama.
Note-se bem que as diferenças apontadas entre as três espécies da épica clássica tradicional subordinam-se à importância do assunto tratado e às dimensões da obra, e não à valoração ou valor literário dela. Se, normalmente, a epopeia é superior em qualidade ao poema e ao poemeto, pode haver exemplos destas duas últimas espécies com valor literário superior à primeira. Entre os exemplos dados, cumpre observar que o poemeto de Basílio da Gama, O Uraguai é muito superior, literalmente, ao poema épico de Santa Rita Durão, Caramuru.
Os Lusíadas
 (Apontamentos para a aula)
·         escrito em versos decassílabos heróico;
·         oitava-rima;
·         esquema rimático: abababcc;
·         dez cantos (partes) com 1.102 estâncias (estrofes) e 8.816 versos.




Minha Crônica (Olimpíada da Língua Portuguesa 2014)
“Um dia de chuva”



   O que posso dizer do lugar onde vivo? Um lugar de paz? Um lugar calmo? Com a brisa suave? Repleto de alegria? Com muito glamour?... Às vezes sim, as vezes não. Não só aqui em minha casa, mas como na vida de muitos, é a lei da natureza, nunca saberemos o que é bom se não passarmos pelo ruim.


   Sentado em minha varanda sob um dia chuvoso, de brisa gélida, com nuvens pálidas que escondem o céu omitindo a beleza dos raios do sol, me vem flashes, imagens simultâneas de tudo que ocorre em volta de minha casa, é como se eu pudesse ouvir a voz das crianças na praça dizendo: “ta na mão...”, quando estão correndo atrás de uma pipa, todos sorrindo, afinal brincadeira é um ato de gracejo, uma forma de encontrar e compartilhar alegria.


   Em dias de semana, posso ver a correria dos trabalhadores, pois moro em uma casa de esquina, carros passam a cada minuto pelo cruzamento, sábado é ainda mais agitado, já no domingo tudo para é como se as pessoas pausassem a vida... Raramente se vê transeuntes nas ruas, talvez por ser um dia de descanso, pois todos sabem que em algumas horas se retoma a rotina.


  Quando reflito sobre minha casa, é como se examinasse uma pedra preciosa lapidada por mim e por minha família. Talvez por nosso dia-dia ser repleto de acontecimentos inesperados, não nos relacionamos muito durante o dia, pois escola e trabalho nos roubam tal oportunidade, mas quando nos reunimos à noite para o jantar é um momento único repleto de emoções, quando nos sentamos a mesa a espera da deliciosa comida de mamãe, trocamos olhares repletos de sentimentos indefinidos, logo começamos compartilhar acontecimentos do dia, quando se termina o jantar nos reunimos na sala de estar, em minha opinião o lugar mais gracioso da casa, os pufes em forma de coração e sofá ambos verdes musgo sobre um extenso tapete macio de estampa zebra nos aconchega. Quando chega a hora de dormir todos nos saudamos, ao entrar em meu quarto e me aproximar da janela para fecha-la, às vezes sinto o ar puro o que me faz parar, debruço-me sobre a base da janela e fecho os olhos é como se minha mente esvaziasse e eu pudesse ouvir o respirar das árvores do pomar que se encontra a minha frente, abro meus olhos, fixo-os em um caule rodeado por folhas secas e acompanhado por galhos sem vida, mas ainda vejo uma única folha tomada pela clorofila, e como um reflexo de espelho oculto, vejo o mundo...


  Planeta Terra?! Brasil?! São Paulo?! Marília?! Bairro: Maria Angélica?! Rua: Manoel Mathias, esquina com a Ângela Cabreira?! N° 445?! Talvez não seja o melhor lugar do mundo para se viver, mas é o suficiente para mim, moro aqui há oito anos, e não tenho de que me queixar, pois a fonte de minha felicidade é a família, e temos uma convivência ótima, o que torna tudo mais fácil, e me permite não apenas ver meu bairro pelo lado bom, mas transformá-lo em meu lar, de tal forma que quando me lembrar dele sentirei saudade e vontade de voltar, pois um dos melhores momentos da minha vida passo aqui.


 Se têm um lugar que sempre fará parte da minha historia é o lugar onde moro, e talvez um dia morei.


                                                                                                  Olegário T. Júnior

2 comentários:

  1. amei a crônica, principalmente a forma como você se expressa sobre coisas simples, mas lindas que as vezes nem notamos no nosso cotidiano

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    1. Obrigado... As vezes não ligamos para as coisas simples, mas são as mais importantes...

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